Escolas Literárias
A análise de uma obra de arte
pressupõe a leitura e a contextualização. Ou seja, deve-se compreender uma obra
sem desprezar a História, sem desprezar o contexto. Isso, porém, não pode ser
visto como camisa de força que impeça a leitura intrínseca da obra, a leitura
que privilegia o modo de escritura a estética. O que é característico da boa
obra: se ela permitir, a despeito do tempo, uma leitura esteticamente
agradável, independente do contexto, pode ser considerada boa obra. No entanto,
se a compreensão necessitar de que o leitor conheça o contexto, haverá uma
nítida perda da função estética, poética de uma obra. Em outros termos, podemos
buscar o sentido exato da obra relacionando-a ao contexto, ou podemos buscar
outros sentidos, igualmente possíveis, na leitura atualizada dessa mesma obra,
favorecida pela estética. As chamadas escolas literárias, entre outras funções,
ajudam o leitor a contextualizar a obra. Por este motivo, é importante que o
estudante conheça os principais aspectos de cada período da literatura.
Quinhentismo (século XVI)
Representa a fase inicial da literatura brasileira, pois
ocorreu no começo da colonização. Representante da Literatura Jesuíta ou de
Catequese destaca-se Padre José de Anchieta com seus poemas, autos,
sermões cartas e hinos. O objetivo
principal deste padre jesuíta, com sua produção literária, era catequizar os
índios brasileiros. Nesta época, destaca-se ainda Pero Vaz de Caminha, o
escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas cartas e seu diário,
elaborou uma literatura de Informação (de viagem) sobre o Brasil. O
objetivo de Caminha era informar o rei de Portugal sobre as características
geográficas, vegetais e sociais da nova terra.
Barroco (século XVII)
Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos
espirituais. Esse contexto histórico acabou influenciando na produção
literária, gerando o fenômeno do Barroco. As obras são marcadas pela angústia e
pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Metáforas,
antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste
período. Podemos citar como principais representantes desta época: Bento
Teixeira, autor de Prosopopéia; Gregório de Matos Guerra (Boca do Inferno), autor de várias poesias críticas
e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos
Peixes.
Neoclassicismo ou Arcadismo (século XVIII)
O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de
seus valores. Esse fato influenciou na produção da obras desta época. Enquanto
as preocupações e conflitos do Barroco são deixados de lado, entram em cena o objetivismo
e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Os
ideais de vida no campo são retomados (fugere urbem = fuga das cidades) e a
vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da
mulher amada. As principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio
Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de
Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão.
Romantismo (século XIX)
A modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da família real
portuguesa em 1808, e a Independência do Brasil
em 1822 são dois fatos históricos que influenciaram na literatura do período.
Como características principais do Romantismo,
podemos citar: individualismo, nacionalismo, retomada dos fatos históricos
importantes, idealização da mulher, espírito criativo e sonhador, valorização
da liberdade e o uso de metáforas. As principais obras românticas que podemos citar:
O Guarani de José de Alencar, Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de
Magalhães, Espumas Flutuantes de Castro Alves,
Primeiros Cantos de Gonçalves Dias. Outros importantes escritores e poetas do
período: Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire e Teixeira e Souza.
Realismo - Naturalismo (segunda metade do século XIX)
Na segunda metade do século XIX, a literatura romântica
entrou em declínio, junto com seus ideais. Os escritores e poetas realistas
começam a falar da realidade social e dos principais problemas e conflitos do
ser humano. Como características desta fase, podemos citar: objetivismo,
linguagem popular, trama psicológica, valorização de personagens inspirados na
realidade, uso de cenas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade.
O principal representante desta fase foi Machado de Assis
com as obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e O
Alienista. Podemos citar ainda como escritores realistas/naturalistas: Aluisio
de Azedo, autor de O Mulato e O Cortiço e Raul Pompéia, autor de O Ateneu.
Parnasianismo (final do século XIX e início do século XX )
O parnasianismo
buscou os temas clássicos, valorizando o rigor formal e a poesia descritiva. Os
autores parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas
mitológicos e descrições detalhadas. Diziam que faziam a arte pela arte. Graças
a esta postura foram chamados de criadores de uma literatura alienada, pois não
retratavam os problemas sociais que ocorriam naquela época. Os principais
autores parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e
Vicente de Carvalho.
Simbolismo (fins do século XIX)
Esta fase literária inicia-se com a publicação de Missal e
Broquéis de João da Cruz e Souza. Os poetas simbolistas usavam uma linguagem
abstrata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e religiosidade.
Valorizavam muito os mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de
subjetivismo. Os principais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e
Alphonsus de Guimaraens.
Pré-Modernismo (1902 até 1922)
Este período é marcado pela transição, pois o modernismo só
começou em 1922 com a Semana de Arte Moderna.
Está época é marcada pelo regionalismo, positivismo,
busca dos valores tradicionais, linguagem coloquial e valorização dos problemas
sociais. Os principais autores deste período são: Euclides da Cunha (autor de Os Sertões), Monteiro Lobato, Lima Barreto, autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma e Augusto dos Anjos.
Modernismo (1922 a 1930)
Este período começa com a Semana de Arte Moderna de 1922. As principais características da literatura modernista são:
nacionalismo, temas do cotidiano (urbanos) , linguagem com humor, liberdade no
uso de palavras e textos diretos. Principais escritores modernistas: Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira.
2ª fase do Modernismo – O romance Neo-Realista (1930 a 1945)
–
Fase da literatura brasileira na qual os escritores retomam as críticas e as denúncias
aos grandes problemas sociais do Brasil. Os assuntos místicos, religiosos e
urbanos também são retomados. Destacam-se as seguintes obras: Vidas Secas de Graciliano
Ramos, Fogo Morto de José Lins do Rego, O Quinze de Raquel de Queiróz e O País do Carnaval de
Jorge Amado. Os principais poetas desta época são: Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e
Cecília Meireles.
Pós- Modernismo- (1945-?)
Nesta terceira fase, a prosa dá sequência às três tendências
observadas no período anterior – prosa urbana, prosa intimista e prosa
regionalista, com uma certa renovação formal; na poesia temos a permanência de
poetas da fase anterior, que se encontram em constante renovação, e a criação
de um grupo de escritores que se autodenomina “geração de 45”, e que buscam uma
poesia mais equilibrada e séria, sendo chamados de neoparnasianos.
Destacam-se
autores como: João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severina), Guimarães Rosa
(Grande Sertão: veredas); Lygia Fagundes Telles; Dalton Trevisan; Clarice
Lispector (A paixão segundo G.H)
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