Quando indagamos a respeito do
que é que distingue um texto literário do não literário, percebemos que são
inúmeras as respostas as quais não são definitivas.
Assim, tem-se buscado a
demarcação dos textos em outros campos. Todo texto possui uma FUNÇÃO. Com base
nesta conclusão, diz-se que o
texto literário apresenta uma FUNÇÃO ESTÉTICA, enquanto o texto não literário
tem uma FUNÇÃO UTILITÁRIA (informar, convencer, explicar, responder, ordenar
etc.).
O texto literário é rico em linguagem literária, repleto de recursos
expressivos que chamam a atenção para o modo como foi construído. Ele procura
sensibilizar, emocionar o leitor. A preocupação estética é patente, as palavras
são arranjadas no papel com muita beleza e são carregadas de sentidos
conotativos.
Veja o exemplo de dois textos, tratando
do mesmo assunto.
A escravidão dos negros, no Brasil, é uma nódoa que
mancha a nossa história. Mesmo com a “libertação “dos escravos, através da Lei
Áurea, a escravidão continua a deixar seu rastro por muitos e muitos anos.
Grandes injustiças sociais foram cometidas contra os cidadãos afrodescendentes
que, ao receber a chamada “liberdade”, foram, de um dia para o outro, jogados
ao Deus dará, sem ter emprego fixo, moradia ou alimentos, criando-se assim
outro problema tão grave quanto a escravidão: eram levas e levas de ex escravos
que vagavam pelas cidades, sem ter quem os acolhesse. Logo em seguida, ao invés
de contratar os serviços dos recém libertos, o Brasil resolveu investir trazendo
agricultores europeus, principalmente os italianos, para cuidar da lavoura,
tarefa que antes era exercida exclusivamente pela mão de obra escrava.
(M. das Neves)
(...)
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
(...)
(Castro
Alves)
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