domingo, 9 de agosto de 2009

Texto elaborado pelos professores do grupo “Redes de Poder” para a Mesa “A Voz de Professores” - Poder Escolar 2009.

Quem somos?
Somos educadores! Isso é indiscutível – mas o que nos diferenciaria dos demais?A coragem em nos expor e nos mostrar como um grupo que, diante do caos em que se encontra nossa educação, não se acomoda, de certa forma, incomoda, pois busca uma melhoria na qualidade de ensino.
Diante dessa concepção de educador é que nos propusemos a participar do projeto “Redes de Poder”, uma vez que com ele buscamos os mesmos objetivos, ou seja, ansiamos por uma valorização do trabalho do profissional da educação; buscamos a qualificação das nossas práticas, e encontramos neste projeto um espaço para refletir o que fazemos, a forma que fazemos, contrapondo à visão que se generaliza na imprensa e nos discurso das políticas.
As reuniões acontecem desde o ano passado e inúmeros foram os docentes convidados a participar, mas poucos foram os que permaneceram. Não nos cabe aqui questionar a desistência deles, pois sabemos que temos uma carga pesada de trabalho e muitos fatores contribuíram para tal. Com este grupo, bastante restrito, os encontros foram acontecendo, ao longo dos meses, até que fomos convidados a participar, durante o Poder Escolar, edição 2009, de um momento privilegiado, designado como “A voz de Professores”.
Nesse momento, inúmeros sentimentos misturaram-se em minha mente: satisfação, medo, alegria confiança, insegurança, nervosismo... Acredito que esses também foram os sentimentos da maioria dos professores do grupo. Associados a esses sentimentos, surgiam alguns questionamentos. Como falar em um teatro lotado, para mais de mil profissionais da educação? O que nossos pares iriam pensar? Como receberiam? Enfim...
Afinal, estaríamos ali como representantes desta classe? É de se esclarecer isso! Não estamos representando a classe. Somos representantes de um grupo entre tantos outros que acredita no que faz e, por isso, clama por mudanças, e estamos aqui para demonstrar que a mudança é possível, que necessitamos acreditar que a educação de qualidade não é utopia.
Cabe ressaltar que muitos de nós ficamos receosos de que, ao sermos convidados a integrar o grupo, fosse mais um encontro com um distanciamento entre a teoria e a pratica – discutir e não apontar soluções. Aqueles encontros em que o especialista, o doutor, a imprensa, o político, todos apontam os erros do professor em sala de aula, a sua “culpa inegável” do caos na educação e nada de incentivo ou motivação aos educadores.
Para nossa surpresa, entretanto, os encontros constituem-se extremamente úteis, pois é o espaço onde compartilhamos nossos medos e frustrações, mas, principalmente, trocamos ideias sobre os projetos que desenvolvemos em sala de aula, apontando seus erros e acertos, além dos limites, obstáculos e possibilidades que encontramos dentro de nossas escolas.
Vivenciamos uma época de questionamento geral no que tange à falta de interação entre a universidade e a escola. Com o passar dos meses, acreditamos que esse distanciamento entre essas duas instituições pôde ser encurtado, e a troca entre estas duas diferentes realidades, que têm por finalidade a educação, constitui-se imprescindível para o crescimento de ambas.
Apesar da heterogeneidade, verificamos, neste grupo, a concretização de um sonho. Vários professores de diferentes escolas e de distintos níveis de ensino da educação básica reunidos com professores da universidade que se mostram interessados em conhecer a nossa realidade e contribuir com os seus saberes na reflexão de nossas práticas, ou seja, todos unidos em prol de um mesmo objetivo: a educação.
Assim, ao longo dos encontros, procuramos debater e refletir sobre nossos projetos e práticas escolares. Percebemos, pois, que os problemas da maioria são parecidos: falta de espaço, pouco horário e recursos para a organização e realização dos projetos, mas nada que impeça a efetivação dos mesmos.
Nesse contexto, acreditamos que outros professores poderiam estar participando deste grupo, pois assim como muitos de vocês um dia nós também, algumas vezes, participamos apenas como ouvintes nos eventos até o dia em que fizemos um esforço e nos propusemos a sair do nosso comodismo e nos oportunizamos a valorizar o nosso trabalho e dividirmos nossa ação educativa. Com o apoio de amigos e colegas “alimentamo-nos” de coragem para nos expor, enfrentando medos e dificuldades. Constatamos, hoje, o quão importante foi transpor todos os obstáculos, pois o ganho que tivemos ao fazer parte deste grupo foi imensurável.

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