domingo, 9 de agosto de 2009

Texto elaborado pelos professores participantes – mesa “A Voz dos Estudantes”

Participar do Poder Escolar tornou-se um aprendizado anual cujos momentos são reservados para refletir sobre as nossas práticas enquanto educadoras. Essa importância em relação a este evento tomou outra dimensão no momento em que, em 2008, fomos convidados - alunos e professores – a participar de um momento único “A Voz dos Estudantes”.
Em princípio, quando fomos convidados para a 1ª reunião, questionei o que seria essa mesa, o que se abordaria, enfim muitas questões, poucas respostas, uma vez que se constituía um projeto e como todo o projeto começa com uma “cara” e só vai adquirindo a formato desejado pelos componentes com o tempo.
Continuamos as reuniões e um objetivo era de consenso no grupo: proporcionar aos educandos um espaço deles, um espaço em que eles tivessem vez e voz.
Face ao exposto, o trabalho continuou até o momento do evento. Dia em que todos os participantes desse projeto, alunos e professores mostravam-se ansiosos, afinal como seriam os educandos recebidos? Como os professores que coordenavam esse projeto nas escolas seriam vistos?
Chegado o dia da mesa. Palestra do professor Skliar (excelente palestra, por sinal) e, logo em seguida, formação da mesa com os alunos selecionados nas escolas.
Alguns impasses iniciais, e os alunos fizeram suas perguntas e sem respostas imediatas, as questões foram-lhes, algumas vezes, devolvidas para que eles mesmos respondessem. Essas e outras posturas demonstraram a presença de espírito do debatedor à época, mostrando-nos que, diante das perguntas, ao invés de darmos as respostas, nós, educadores, temos o dever de instigar nosso aluno a sair de sua escuta passiva, a participar dos debates suscitados, a refletir, enfim, é nosso papel conduzir a discussão para que as respostas sejam provocadas nos alunos.
Percebemos, ao final, o sucesso do evento e resolvemos, desde então, dar continuidade ao projeto e preparar a 2ª mesa “A Voz dos Estudantes”, pois vimos o quão importante foi para os discentes.
Não imaginávamos, diante do sucesso do evento, que enfrentaríamos tantas dificuldades para a continuidade dessa atividade, para trabalhar as questões nas escolas e, principalmente, a resistência em fazer valer o espaço conquistado pelos educandos, em dar-lhes liberdade de falar.
Questionávamo-nos de como faríamos para envolver aos demais colegas das escolas, mas quaisquer tentativas eram infrutíferas, o que fazia sentirmo-nos cada vez mais sós.
Pudemos observar também que, no ano passado, apenas dois alunos por escola deveriam participar, e oito escolas foram convidadas. Agora, infelizmente, temos menos escolas efetivamente participando, mas um aumento no número de alunos, o que evidencia a importância deste trabalho para eles, uma vez que perceberam que uma semente foi lançada, um paradigma quebrado e, cabe a nós, juntamente com esses educandos que falam, continuarmos nesta caminhada, embora questões como essas desacomodem, incomodem, mas, certamente, promovem e proporcionam muita alegria, já que somos educadores por escolha e temos, pois, uma função social.
Mesmo diante de todos esses entraves, não desanimamos, continuamos! Estamos aqui, hoje, pois seria inadmissível uma ruptura em uma ação como esta que traz a oportunidade de uma nova educação; constitui-se um processo de cada um de nós, é o nosso crescimento. É a oportunidade de contribuir com a expectativa de nossos alunos em aprender de uma nova maneira algo novo na vida deles.
Assim, é imprescindível destacar que o que está em jogo neste Poder, não é só a formação do professor e do aluno, é a autoformação “humana”, pois como afirma Nóvoa 'ninguém forma ninguém'; a formação é inevitavelmente um trabalho de reflexão sobre os percursos de vida.
Nesse contexto, ao participarmos desse projeto, evidencia-se, portanto, essa formação, por meio da reflexão de nossas experiências com nossos educandos e com nossos pares, pois como afirmou Cecília Waschauer em sua fala, aqui mesmo neste teatro, “é preciso criar um espaço na rotina da escola e no trabalho dos professores para que possamos nos formar através da experiência”. Ela vai além, afirma que “a complexidade da formação, assim como da vida, está no diálogo entre os diferentes.”

Um comentário:

  1. A satisfação em realizar este trabalho com vocês para a realização desta mesa constituiu-se algo ímpar, não há como medir a alegria que tive em ver como vocês se sentiram em participar de um momento no qual foram vocês os protagonistas. Fiquei muito orgulhosa. Parabéns!

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